Vou andar por aí

Friday, September 29, 2006

Perdido em Split

Depois de todas as horas de vôo e de espera em aeroportos, e depois de outro vôo atrasado – de Milão para Roma – quase perdendo o vôo para Split, cheguei ao meu destino final. E advinha? Ninguém me esperando no aeroporto. O que fazer agora? Para onde ir?

Fui ao balcão de Croatia Airlines perguntar de alguém havia me procurado e descobri que não. Então respirei fundo, fui ao banheiro tirar a água dos joelhos, depois sentei num banco e com calma tomei algum tempo pensando no que iria fazer. Então que resolvi pegar um táxi e assim o fiz perguntando ao taxista se ele conhecia algum lugar muito barato para passar a noite. Ele disse que no centro havia vários lugares e que uma vez lá seria fácil achar um bom lugar. No caminho o taxista fez alguns telefonemas que obviamente eu não faço idéia de o que ele dizia, e não conversamos muito, já que ele falava inglês com certa dificuldade.

Quando cegamos ao centro já havia uma amiga do taxista nos esperando. Ela só sabia falar que tinha um bom lugar muito bom e barato e não me deixava nem ver com o motorista quanto tinha ficado a corrida. Ignorei-a por um segundo e paguei a facada, 37 euros, o mesmo valor que paguei na passagem de avião de Zagreb para cá. Então que, numa tentativa de despachar a impertinente senhora, eu disse que preferia dar uma volta no centro e procurar um lugar por ali mesmo. Quanta inocência, é lógico que a criatura tinha uma amiga dona de algum lugar no centro, e cansado depois de mais de 30 horas de viajando eu entreguei os pontos e fui a tal lugar.

Chegando ao albergue eu só tinha a opção de quarto privado. Então depois de elas conversarem um pouco em croata e a amiga do taxista obviamente ter contado à outra que eu estava perdido no aeroporto sem êra nem bêra, que seria fácil arrancar uma grana de mim e combinarem uma comissão, veio outra facada. No centro ficaria 10 euros mais caro que no outro albergue, dando um total de 50 euros.

A dona desse albergue era até muito simpática, tanto simpático quanto a outra era inconveniente e interrompia a conversa a respeito das regras e formas de pagamento o tempo todo dizendo que no dia seguinte eu poderia ir para o lugar dela se eu quisesse algo mais barato.

Subi ao meu quarto e, depois de deitar na cama por uns minutos, tomei um banho – tava realmente precisando depois de quase dois dias de viagem – e morto de fome saí para procurar alguma coisa para comer. Com cartão de crédito, algumas notas de euro e de dólar e até mesmo quinze reais no bolso, mas nenhum kuna, descobri que em Split somente os restaurantes mais caros aceitariam cartão de crédito e que exceto o taxista e o albergue ninguém aceitaria euros. Então depois e andar de um lado para o outro procurando um lugar onde eu pudesse comer, achei este bar. Era um bar de um senhor de uns cinqüenta anos meio hippie que aceitou receber em euro e onde não havia comida, mas já que cerveja é praticamente pão líquido, assim eu me alimentei naquela noite.

O dono do bar até abriu uma cerveja pra ele – mais uma na verdade, pois ele já estava bebendo quando eu cheguei lá – e enquanto eu me alimentava ficamos conversando até que ele disse que não agüentava beber mais nada e pediu desculpas, mas teria que fechar o bar. Já era alguma coisa entre uma e duas da manhã, e sem mais nada a fazer fui para o meu quarto e dormi.


Próx. Capítulo: Correndo atrás

Wednesday, September 27, 2006

Bom Começo

A viagem começou bem. Chegando em São Paulo fui tentar despachar logo a mochila para tentar me livrar do daquele peso. Então fui ao balcão da Alitalia e descobri que o avião que me levaria pra Milão estava com problemas técnicos e não poderia voar, e que teria de esperar outra aeronave que já estava a caminho. Resultado: quase seis horas de atraso.

Ótimo! Assim perdi o vôo de Milão para Zagreb e conseqüentemente o vôo de Zagreb para Split. “Sem problemas” – disse a funcionaria da companhia – “agora o senhor irá de São Paulo para Milão, de lá para Frankfurt onde pegará um vôo para Zagreb”. Mas havia sim um problema, o bilhete de Zagreb para Split fora comprado separadamente e não estava naquela passagem. “Não posso fazer nada” – disse o gerente – “se esse trecho não está na passagem, você deverá resolver o problema por conta própria e qualquer prejuízo causado pelo atraso, você terá de mandar os recibos e pedir ressarcimento depois”.

Só de pensar na trabalheira já bateu aquele desespero, mas após um pouco mais de conversa, o moço teve o bom senso de me colocar em um itinerário que me deixaria direto em Split e me poupou de toda dor de cabeça.

Pronto, já vou conseguir chegar em Split. Mas calma aí, nos documentos que havia mandão dizia que eu chegaria em Split no vôo de Zagreb às quinze horas, mas agora eu vou chegar no vôo de Roma às dezenove e trinta. Não seria um problema se eu não estivesse indo para um lugar do qual eu não sabia quase nada a respeito, que eu não sabia onde iria dormir e que falava um idioma muito do estranho no qual eu não sabia falar nem “oi”, ou se pelo menos eu soubesse algum número de telefone que não fosse comercial – era fim de semana – das pessoas que iriam me esperar no aeroporto.

A solução encontrada foi ligar para o balcão da Croatia Airlines e deixar recado avisando a quem me procurasse no vôo de Zagreb que eu chegaria mais tarde no vôo de Roma. Depois de ligar eu relaxei um pouco e fiquei conversando com alguns amigos através do MSN Messenger enquanto passava o tempo a esperar o vôo para Milão.


Próx. capítulo: Perdido em Split

Croácia e tudo mais

Pois é, essa minha mais nova aventura vem sendo bastante intensa, a ponto que, sempre que alguem pergunta por notícias, eu praticamente escrevo um livro para contar tudo, e cada vez mais. Então resolvi ir escrevendo uma espécie de diário de bordo no qual estou escrevendo capítulos da minha saga e assim que possível publicarei cada capítulo que estiver terminado e passado a limpo pro computador.

Valeu!

Próx. capítulo: Bom começo.